A perda de posição do Grande ABC no ranking nacional de potencial de consumo, segundo dados do IPC Maps revelados com exclusividade pelo Diário, acende sinal de atenção para lideranças públicas e empresariais da região. De terceiro maior polo de consumo do Brasil em 2024, o conjunto das sete cidades passou ao quarto lugar em 2025, com redução de R$ 6,9 bilhões no poder de compra. A retração se deu em quase todos os municípios, com exceção de Ribeirão Pires. O movimento indica a necessidade de uma reorientação estratégica que envolva estímulos à atividade econômica, fortalecimento do mercado de trabalho e incentivo à formalização de empreendimentos.

A recuperação do protagonismo econômico do Grande ABC passa pela valorização de seus setores produtivos tradicionais, como indústria, comércio e serviços, mas também por uma agenda voltada à inovação e à capacitação da força de trabalho. O estímulo ao empreendedorismo, por meio de políticas de crédito, desburocratização e qualificação, pode favorecer o surgimento de negócios e ampliar a renda das famílias. A reativação de áreas produtivas, em paralelo à atração de empresas de tecnologia e logística, também pode ampliar arrecadação e gerar empregos mais bem remunerados. Com maior segurança no trabalho e perspectivas de renda, o consumo tende a se recuperar.

É igualmente necessário reforçar o papel do consumidor local, promovendo ações de conscientização para a valorização do comércio da região. Campanhas permanentes podem estimular hábitos de compra nos centros comerciais das cidades e incentivar a circulação da renda internamente. Combinado a isso, o planejamento urbano precisa favorecer a mobilidade e o acesso a polos de compra. O momento é de reorganização. O Grande ABC reúne infraestrutura, tradição e densidade populacional suficientes para retomar seu espaço entre os três maiores centros consumidores do País. Mas, para isso, é indispensável a articulação entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil.